sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Grito Inútil

"Estava olhando a paisagem pitoresca de uma área conflagrada daqui de cima. Estou no 3º piso de um CIEP na zona oeste do Rio de Janeiro." Já é minha 2ª semana de estágios e confesso que minha mente está passando por mudanças ambivalentes. Semana passada senti vontade de desistir da carreira de docente por não aceitar e compreender o comportamento dos adolescentes em sala de aula, hoje também tenho outros pensamentos; amanhã, não sei se permencerei com eles.
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Olhei as casinhas de tijolo subindo os morros arredores e a composição me fez refletir sobre a condição de ser negro no Rio de Janeiro. "Aqui na sala, 99% são afro descendentes, acho que todos." E daqui a 10 anos, quantos terão uma profissão digna ou quantos chegarão ao nível superior? Se eu for mais dramática, posso perguntar quantos sobreviverão à gripe A.
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Os gritos e a inquietação dos jovens mostram como o abandono é eficaz num estado que segrega disfarçadamente. Estado lusitano esse!
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Ah, minha zona oeste!



"Não é o grito
A medida do abismo?
Por isso eu grito
Sempre que cismo
Sobre tua vida
Tão louca e errada...
- Que grito inútil!
- Que imenso nada!"
(Vinícius de Moraes)