segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Um Cálice

One Chalice

Tudo por causa daquele vinho
Perdi a cabeça
Desocultei uma tribo
Andei por aí vagando.
Vagabundo Rio

Miserável mendigo
Perdeu seus talentos
Suas obras de arte
Por um cálice de vinho

No rio
Reflexo indigno de cópias.
Não pintem meu retrato
Traí o meu povo
Sou escultor de fantasmas
Os que andam comigo

Preciso viajar
Preciso de um cálice
Traga-me um vinho
Estendi as mãos
E me deram moedas
Coitado!
Sou carioca do Rio.

Do Rio a Minas
Vi miragens:
Com os calos nos pés
Ferida nas mãos
Pediu-lhes um cálice
Deram moedas
Ele as guarda, todas elas
No coração...

No cálice vi miragens
Sangue inocente derramado
Por glória, dinheiro, fama,
Não se sabe.
Vamos! Me matem!

Dia de Cortiço 2

Day's fall 2

A garota pela manhã assiste
A qualquer coisa animada
Meia hora cada em vários canais

Formou-se uma fila pequena
Atrás do Barney...
Enquanto ela almoça
A vó assiste à novela da tarde
Isso faz a tia pensar um pouco mais.

Após esta espera
A tia se apodera do controle total
Muda a distância o canal
Vamos nos aprimorar na cozinha
Assistindo o Top Chef lá na China.

No intervalo
Leva o controle no bolso
E ligeirinha
Arruma no prato sua comida
Ô tia!
Volta correndo para não perder as dicas.

Muda de canal a cada 1 hora
Até chegar o avô.
Vamos parar com essa palhaçada!

A noite é só noticiários,
Esportes, filmes velhos.
Preto e branco?
Sabia!
Ele fica na sala
Sentado na poltrona vazia.

Um ET no Brasil


Sentou-se ao meu lado
Magrelo, olhar amedrontado
Ficou ali
Observando-me comer o hambúrguer
O homenzinho verde sem sexo.

Com linguagem rebuscada
Não consegui compreender
O sexo das palavras:
Composer, architect, lawyer.

O
Representante dos animais selvagens
Terminação dos vocábulos masculinos:
Gostoso! Macho!
Compositor, arquiteto, advogado!

A
Representante dos animais mimados
Terminação dos vocábulos femininos
Boneca! Fêmea!
Compositora, arquiteta, advogada!

Poor baby!
Disse ele sem sexo.

Um Grande Amor


Com os olhos marejados
Santinha bota sobre o jazido
As cartas amareladas de sua infância
Sai carregando sua própria vida
Essa que já não importa.

A transferência de tudo que é eterno
Lá atrás
A sete palmos
No jardim.
Te amo.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Matemática Moderna

Modern Math

Montemos um quebra cabeça
Comecemos pelos vizinhos
Os quatro irmãos gêmeos.

O primeiro com pensamento positivo
Disse que nada lhes custaria
O último contrariado
Gritou para os quatro cantos
Sou culpado por este engano.

Os outros meios não influenciaram
Deixaram à mostra um quarto
Com evidências...
Um círculo com símbolos gregos
Num chão preto
Riscado com calcário e argila.
Disseram: Bruxaria!

A investigação se estendeu
Por anos a fio
Uns se mudaream, se casaram
Formaram-se em bandos
Dançando música caipira:
Quadrilha!

Anotaram cada passo
Revolucionaram o estudo dos números:
Trigonometria.

O círculo já foi apagado
Das memórias do populacho.
Das mortes não se sabe.
O sangue foi secado e selado pelo tempo
Pelas marcas do passado.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Idéias Criativas

Creative Ideas

Uma caixinha para bijuteria
Forrada com seda xadrez
Para cordões, brincos, pingentes
Presente para os Bantos.

Importação desses artesãos
Trouxe culturas diversas
E a arte de cultivar idéias.

Ê, cuê
Ganhadô
Ganha dinhêro
Pra seu sinhô...

Sacolinha de veludo
Com corda de sisal
Para binóculos.

O negro sudanês
Foi na sacada ver de perto
A sua mulher estender a roupa no varal.
Criativo.

Ê, cuê
Ganhadô
Ganha dinhêro
Pra seu sinhô...

domingo, 9 de dezembro de 2007

Espiritualidade

Spirituality

Mãe Senhora de Salvador
Axé Opô Afonjá
Das culturas Africanas que vieram
Dos santos de barro e do altar
A visão da orixá

Para a espiritualidade te acompanhar
Veremos livre dos maus presságios
Avida eterna é o melhor que temos
Ela sempre existirá.

Vamos ser felizes mesmo imperfeitos
Noutro plano ou aqui na Terra
Basta encontrar alguém
Para compartilharmos nossos melhores momentos
Aqui ou lá..
Essa é a voz da Ialorixá.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Vozes de Ordem

Voices of Order

No princípio Deus era verbo
E depois Espírito
Haja luz para iluminar nossos corações,
Haja luz para apaziguar nosso descontentamento,
Haja luz para perdoar as ofensas.
Somos perdidos no tempo

Minha vida é pacata
Ando, ando, invento idéias
Querem saber quantas inventei?
Ordem e Progresso é a primeira delas.

Dessa vida descontente
Das dívidas, amigos ocultos
Vou abrir minha mente.
Deixar o iluminado mostrar o caminho
De volta para o futuro.
Quero guardar a primeira lei:
Crescei.
Prosperarei!
Quero ser a minha idéia.
Serei!

domingo, 2 de dezembro de 2007

Neguinho da Nega Nilcéia

Let's go deny

Vamos subir o morro, neguinho
Vamos subir o morro, nega
Vamos subir o morro neguinho
Vamos ver aquela gente sambar.

Cadê aquele sorriso, neguinha
Venha cá cantarolar na roda.

Vamos subir o morro, neguinho
Vamos subir o morro, nega
Vamos subir o morro neguinho
Vamos ver aquela gente sambar.

Caipirinha

Caipirinha

Tantos desencontros, brigas,
Bruscas paradas
Olhos fatigados de enxergar solidão
Sou assim mesmo, calada.

Pesadelo paralelo que passa a cada hora
É a vida sossegada que nos leva a deitar no chão.
Essa coluna desequilibrada é o fardo pesado do passado
Que calói cada costela da espinha.
Fico tranqüila.

Tomo sempre cuidado com os tombos
Da precavida vida suburbana
Que me deram de herança desde menina
Caipirinha...

Me olho com os olhos desejosos de emoção
Exponho meu coração, namoro, namoro.
Me beijo no espelho em vão.
Um exemplo de retidão.

Meu beijo é como o 1º
Que dei aos quatro anos de infância
Assim: Conta aqui na minha mão.
Este beijo é do primeiro que vier
-Qué namorá comigo muié?

Vou, volto com minha pasta de redações
Olho as impressões deixadas nas paredes
Anoto as placas dos aviões
Guardo tudo na memória,
-Mais um dia no escuro, sem chão.

Quero acreditar que ele existe
Bem caipira, um anjo, filósofo doutor.
Sou assim mesmo, calada desde menina.