The Mission
Janeiro quente em Minas Gerais. Severina e Augusta acordaram hoje às seis e meia para pregar o Amor de Deus na Terra. Severina preparou quatro mistos quentes e um litro de vitamina de manga – manga esta, ganhada de uma família muito bondosa do bairro Marote.
Janeiro quente em Minas Gerais. Severina e Augusta acordaram hoje às seis e meia para pregar o Amor de Deus na Terra. Severina preparou quatro mistos quentes e um litro de vitamina de manga – manga esta, ganhada de uma família muito bondosa do bairro Marote.
I
Severina serviu o café-da-manhã a sua amiga e sentou para ler um pouco enquanto degustava sua refeição, de repente seus olhos se fecharam e em segundos se abriram com muitas novidades. O cansaço de cada dia fazia Severina sonhar pouco, porém desta vez ela lembrou-se do sonho “... eram homens com armaduras lutando na selva e um pediu-me para voltar e ler mais.”Saíram de casa às nove e meia e foram para o centro comercial de Cataguases. Com olhar desafiante Severina atravessou a rua com Augusta em direção à Praça Rui Barbosa, mas ao pisar na grama sentiu-se desanimada e dependente daquele ambiente. Ficaram mais uma manhã distribuindo cartões da amizade e buscando contatos até meio-dia.O tempo na cidade de Cataguases passa muito devagar, entretanto em certos dias após o almoço ele corre ligeiro para o poente. Naquela semana as missionárias resolveram mudar a rotina na praça e saíram das mediações de seu trabalho. Pegaram um ônibus na praça rumo a um vilarejo distante chamado Sereno. O mesmo ônibus passava ali três vezes por dia em horários determinados. As duas gostaram da mudança de ares e combinaram de voltar lá e esse dia era hoje.
Depois do almoço as moças correram para a praça. Entraram no ônibus - cujo trajeto também era feito em estrada de terra - e apreciaram a paisagem da viagem ao mesmo tempo que pensavam no sucesso que seria aquela tarde. Tinham muitas referências e mensagens para ser ministradas naquele local. Estavam ambas com suas armaduras, água e dinheiro para comprar doces. O dia seria longo, pensou Severina.
II
Já passava das vinte e uma quando elas saíram da última visita. Com o horário apertado, correram para chegar a tempo do último ônibus que voltaria para Cataguases. Subiram o planalto deserto "-O ônibus já chegou?" Perguntaram novamente; desta vez uma mulher que estava em frente ao cemitério respondeu apontando para a rua datrás.
Serverina e Augusta sentaram no banco daquela rua esperando o ônibus junto com algumas pessoas que estavam ali pelo mesmo motivo. Aos poucos a rua foi ficando vazia e fria, mas o entusiasmo não permitiu interrupções evasivas. As conversas risonhas de satisfação duraram quarenta minutos e as missionárias não perceberam o tempo passar porque estavam levitando no céu com sabor de "beijinho-de-coco" na boca.
Severina serviu o café-da-manhã a sua amiga e sentou para ler um pouco enquanto degustava sua refeição, de repente seus olhos se fecharam e em segundos se abriram com muitas novidades. O cansaço de cada dia fazia Severina sonhar pouco, porém desta vez ela lembrou-se do sonho “... eram homens com armaduras lutando na selva e um pediu-me para voltar e ler mais.”Saíram de casa às nove e meia e foram para o centro comercial de Cataguases. Com olhar desafiante Severina atravessou a rua com Augusta em direção à Praça Rui Barbosa, mas ao pisar na grama sentiu-se desanimada e dependente daquele ambiente. Ficaram mais uma manhã distribuindo cartões da amizade e buscando contatos até meio-dia.O tempo na cidade de Cataguases passa muito devagar, entretanto em certos dias após o almoço ele corre ligeiro para o poente. Naquela semana as missionárias resolveram mudar a rotina na praça e saíram das mediações de seu trabalho. Pegaram um ônibus na praça rumo a um vilarejo distante chamado Sereno. O mesmo ônibus passava ali três vezes por dia em horários determinados. As duas gostaram da mudança de ares e combinaram de voltar lá e esse dia era hoje.
Depois do almoço as moças correram para a praça. Entraram no ônibus - cujo trajeto também era feito em estrada de terra - e apreciaram a paisagem da viagem ao mesmo tempo que pensavam no sucesso que seria aquela tarde. Tinham muitas referências e mensagens para ser ministradas naquele local. Estavam ambas com suas armaduras, água e dinheiro para comprar doces. O dia seria longo, pensou Severina.
II
Já passava das vinte e uma quando elas saíram da última visita. Com o horário apertado, correram para chegar a tempo do último ônibus que voltaria para Cataguases. Subiram o planalto deserto "-O ônibus já chegou?" Perguntaram novamente; desta vez uma mulher que estava em frente ao cemitério respondeu apontando para a rua datrás.
Serverina e Augusta sentaram no banco daquela rua esperando o ônibus junto com algumas pessoas que estavam ali pelo mesmo motivo. Aos poucos a rua foi ficando vazia e fria, mas o entusiasmo não permitiu interrupções evasivas. As conversas risonhas de satisfação duraram quarenta minutos e as missionárias não perceberam o tempo passar porque estavam levitando no céu com sabor de "beijinho-de-coco" na boca.
Um pausa brusca - desceram a colina vacilantes e com pressa. Olharam desapontadas para o cemitério nebuloso e solitário; já a sua frente viram alguém passar na rua de baixo e para neutralizar a "falsa" sensação de abandono, foram ao seu encontro. Com um pouco de humildade e esperança no coração aguardaram alguma outra alma passar "...O ônibus será que chega hoje ainda?" Não souberam responder. As moças ficaram mais uns dez minutos no ponto do sentido contrário de Cataguases. Naquele momento elas já esperavam o pior e não importava em que sentido o transporte chegaria. Precisavam sair dali.
Finalmente elas souberam que durante a conversa o ônibus já estava a caminho de Cataguases, ele havia parado na rua de baixo, mais precisamente na estrada principal - a de asfalto. Também perceberam que seu tempo jaz naquele lugar. Trocaram poucas palavras até que resolveram andar - sentido cidade de Cataguases. Mais atrás, as luzes do vilarejo começaram a iluminar o início das discussões. Augusta no caminho de terra e Severina no meio fio do asfalto. Não sabiam que horas eram desde sua última casa visitada, mas com certeza eram mais de dez horas. Andaram de sete a oito quilômetros, talvez mais com seus passos largos. O tempo naquele breu era quebrado por faróis de carros que passavam uma vez ou outra afugentando os fantasmas do caminho. Outra discussão e dessa vez era por causa de seus princípios religiosos: "pegar ou não pegar carona".
III
Severina e sua companheira de trabalho viram uma luz se ascender no fim da estrada, luz que veio da curva saída de Cataguases. O pontinho luminoso parecia não se aproximar. Minutos depois ele passou pelas moças e parou mais atrás. Era um motoqueiro e voltou para conversar com elas, perguntou se precisavam de ajuda. Elas atropelaram as palavras no início porque cada uma tinha uma resposta diferente para ser dada, mas notando o temor das missionárias o rapaz adiantou-se dizendo que conhecia Severina e até descreveu uma situação verídica. Ele insistiu em dar carona e por fim subiram as duas na lambreta. Em pouco tempo chegaram em casa.
Olharam o rádio-relógio assim que acenderam a luz do quarto. Marcava dez e meia da noite. Horário de Cataguases.
IV
Elas e tantos outros com horários pré-estabelecidos podem se tornar vacilantes no seu próprio caminho. Um pouco de desvio de pensamento motivou outros acontecimentos inesperados no decorrer deste dia. Não foi o melhor dia para as missionárias, mas naquele desespero não poderia ser outra coisa melhor.
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